sexta-feira, 5 de março de 2010

E haja panfleto!!



Como se não bastasse o medo de atravessar a passarela da estação Iguatemi pelas suas condições um tanto precárias, a cada cinco metros andados nos deparamos com panfletinhos. É panfleto de todo tamanho, de toda cor e de toda propaganda. Roupa íntima, curso de inglês, de mensagens por telefone e cestas de café da manhã... Bastar pisar ali e já se vê as mãozinhas estendidas. Mas isso não é tudo. Experimente ir até o Salvador Card fazendo esse mesmo trajeto. Panfleto na frente do shopping, do outro lado da rua, na frente da igreja, panfleto, panfleto, panfleto... e de repente o mundo se tornou um panfleto!



É normal que os estabelecimentos, grandes ou pequenos, necessitem fazer propagandas dos seus serviços. O problema é que os papeizinhos não parecem ser a melhor das alternativas, se levarmos em conta que soteropolitanos, com raríssimas exceções, adoram jogar um lixinho no chão. A pessoa pega o papel, olha, percebe que não lhe faz sentido e simplesmente embola e joga no chão. Apenas uma pequena parcela daquele monte de gente que recebeu certo panfleto desenvolve interesse nele e guarda, o que não é nada perto de quem vai jogar fora, seja na mesma hora, seja depois, afinal, quem vai querer guardar lixo no bolso até chegar em casa?



Depois disso, com o chão já cheio de panfletinhos, "chuá!", cai a chuva. Entopem os bueiros, as águas não escorrem, e sem alternativa, se acumulam na rua, e aí já viu: transmissão de doenças, congestionamentos, avenidas inundadas, sufoco... De quem é a culpa? "Do governo!!!".

Antes que pensem alguma coisa, não estou querendo defender o governo. É claro que percebemos claramente a estrutura deficiente da nossa cidade, mas não dá para desvalorizar nem desconsiderar essa mínima estrutura que possuímos. Francamente, o problema da sujeira em Salvador é tão grave quanto o da violência!

Então, opte por não pegar os panfletos na mão dos entregadores e note o que acontece: muxoxo, cara feia... Mas não podemos julgar essas atitudes, já que o salário daquelas pessoas depende dos panfletos distribuídos, e ter uma grande quantidade deles em mãos e não conseguir repassar parece um tanto frustrante.

Tem outro tipo de panfletagem, e aí já não sei mais se é esse o nome, típica das grandes empresas de supermercado. Pessoas uniformizadas entregam aqueles papéis com os preços dos principais produtos pela janela do ônibus. Muita gente pega por pegar, "passa o olho" e deixa na cadeira. Depois o coletivo fica cheio de papel, e no final do expediente, tudo é recolhido na garagem e: lixo!

O que a nossa sociedade precisa entender, incluindo também as empresas que apresentam os seus produtos por panfletos, é que temos urgentemente que reduzir a quantidade de lixo que produzimos. Ainda que tenhamos os processos de coleta seletiva e reciclagem, ambos são muito escassos e não dão conta de tudo. Precisamos de atitudes de redução, afinal, papéis causam impactos no ambiente desde o momento da sua produção até o seu descarte.

Não sei quais outros tipos de divulgação poderiam ser utilizados por essas empresas, estabelecimentos etc, mas estas também precisam preocupar-se com as questões que envolvem as suas escolhas.

2 comentários:

  1. Maravilhosa reportagem,Mari!Adorei a crítica,realmente é preciso que as pessoas abram o olho para esse problema.

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  2. Muito bom o post Mari! E realmente o que vemos bastante na região do iguatemi são esses panfletos. Quando recebo um panfleto vai direto pro bolso já que é IMPOSSIVEL ler com aquela mutidão te empurrando! Panfletos que são entregados pela janela do ônibus eu acho um saco já que eles são bem maiores, parecendo revistas! o_O esses realmente eu deixo no ônibus porque eu nem estendo minha mão para receber e de repente eles caem no meu colo. :S é complicado !
    parabéns pelo blog, beijos :*

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